ribeirinha

Ao passar a ribeirinha

Ao passar a ribeirinha
Pus o pé, molhei a meia,
Pus o pé, molhei a meia,
Pus o pé, molhei a meia!

Namorei na minha terra,
Fui casar em terra alheia,
Fui casar em terra alheia,
Porque não fiquei na minha!

Fui casar em terra alheia,
Minha mãe não me ralhou;
Minha mãe já não se lembra
Do tempo que já passou!

Do tempo que já passou,
Do tempo que já lá vai,
Minha mãe já não se lembra
Quando na morou meu pai!

Minha mãe casai-me cedo,
Que me dói a passarinha!
Ó filha coç'à c'o dedo,
Que eu também cocei a minha!

O padre da minha aldeia,
No sermão do mês passado,
Jurou p'la saúde dos filhos
Que nunca tinha pecado!

São Gonçalo de Amarante,
Que estais virado pr'á vila,
Virai-vos pró outro lado,
Que vos dá o sol na pila!

Fui um dia ao cemitério
E pisei as campas todas;
Levantou-se um morto e disse
«Talvez um dia tu morras!»

Santo António de Lisboa,
Que pr'a mim foste um cabrão,
Das três pernas que me deste
Só duas chegam ao chão!

O cão da minha vizinha
Pôs-se na minha cadela;
Vou fazer o mesmo à dona,
Pr'a ficar ela por ela...

Santo Cristo dos Milagres
Casai-me que bem podeis!
Que eu já tenh' as unhas gastas
De coçar onde sabeis!

(ou
Já tenho teias de aranha
no sítio que bem sabeis)